Após um período de quase dois anos, em 1925, Bediuzzaman foi exilado para o oeste da Anatólia(4)(1) e, pelos próximos vinte e cinco anos, apesar de ser de menor intensidade nos últimos dez anos da sua vida, ele não sofreu nada além de exílio, prisão, assédio e perseguição das autoridades. Estes anos de exílio e isolamento, porém, viram os Risâle-i Nur(5)(2) serem escritos, e a disseminação destes na Turquia toda. Citando Bediuzzaman com as suas palavras, “Agora posso ver claramente que a maioria da minha vida foi encaminhada de tal forma, sem a minha própria vontade, habilidades, compreensão e previsão, de forma que ela pudesse produzir estes livretes para servir às causas do Alcorão. É como se minha vida toda como um estudioso fosse dedicada às preliminares destas escrituras que demonstram a miraculosidade do Alcorão”.
Bediuzzaman entendeu que uma das causas essenciais do declínio do mundo islâmico é o enf-raquecimento das fundações da fé. Este enfraquecim-ento, junto com os ataques sem precedentes à estas fundações nos séculos 19 e 20 pelos materialistas, ateus e outros, em nome da ciência e progresso, levaram-no a perceber que a necessidade urgente e prioritária era fortalecer, e até salvar a fé. O necessário era fazer todo esforço possível para reconstruir o edifício do Islam desde suas fundações com a fé e responder aqueles fortes ataques com uma jihad(6)(3) da palavra.
(4) Anatólia: A península onde está situada a Turquia.
(5) Risâle-i Nur: Os Livretes da Luz.
(6)Jihad: O combate contra os obstáculos à fé muçulmana, ou contra os infiéis e os inimigos da ordem islâmica, considerado pelo Alcorão e pela tradição islâmica como obrigação religiosa. A doutrina menciona quatro formas de jihad: pelo coração, evitando os maus sentimentos; pela palavra, difundindo a mensagem do Islam; pelas mãos, praticando boas ações; e pela espada, lutando contra os infiéis.